Outubro terminou numa investida de ventos uivantes e chuvas impiedosas, e Novembro chegou, frio como uma barra de ferro, com geadas matinais e correntes de ar cortantes que queimavam os desprotegidos.
E foi numa tarde dessas, de uma segunda-feira nublada e doía.mas eu queria que doesse mais, só pra me punir por ter perdido a esperança.
E eu queria que doesse mais porque talvez eu acreditasse que se o sofrimento viesse em torrente, eu me redimiria do pecado, me redimiria da incapacidade de não enterrar nenhum dos amores moribundos que eu carrego às costas, 90kg, 85kg, 110kg de amor morto afundando meus pés no chão, 1 cm a cada passo... e por sofrer uns 9 andares no subsolo do mundo, eu me perdoaria um dia.Um dia eu ia olhar pra mim, completamente submersa em cacos e restos e lixo das coisas que nunca foram e ia me perdoar e ia perdoar a todos e ia me dizer que agora eu ja podia voltar à superfície, que agora bastava, agora chega.
E agora eu suportaria quem sabe ser feliz... e nesse dia eu ia colocar uma saia rodada, trançar meu cabelo e prender um bem-te-vi, pra ficar cantando em todo canto que eu estava renascida e que eu seria o próprio reino da alegria, um ecosistema hermético e inabalável...
Eu e meu reino de nuvens branquinhas, eu e uma felicidade insuportável, eu e a consciência de deus, eu e a fé nas pessoas, eu e um ímpeto glorioso de despertar todos os dias, eu e algumas certezas, eu e meu amor pleno... um se alimentando do outro,
Até eu ficar velhinha velhinha e explodir em um arco-íris technicolor de nunca mais se apagar da face da terra.
Mas acabou a segunda-feira e ainda doía.
E aí eu queria que doesse mais, só porque todas as razões só me jogam na cara que essa coisa de ser feliz não é pra mim...
Simples assim.
ઇઉ
Quando tudo está confuso
Melhor dar um tempo
No mundo dos segredos
No mundo do som
sábado, 15 de novembro de 2008
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