domingo, 22 de novembro de 2009

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........É estranho estar aqui de novo, fazendo algo que antes me deixava calma e confortada, mas que agora me machucam por ter que pensar nas coisas que me causaram dor. Por todo esse tempo, achava eu, na minha mais absoluta certeza que as palavras estavam ajudando a aliviar o ardor do maldito buraco resistente em meu peito. Mas agora percebo que muitas delas só me prenderam ainda mais a essa vida de fraudes que teimo em seguir. Talvez pela minha total incapacidade de tornar as coisas ao menos suportáveis de conviver.
........É que tenho essa alma de artista sem talento, atormentada pelo fracasso e pela insignificância. Machucando-me por vezes apenas por não atingir simples objetivos, mesmo não sendo culpada total pelo fracasso... Ainda sim, sinto que minha existência seja uma ironia, uma piada sarcástica do destino, onde tudo soa extremamente falso tornando clara na minha consciência a minha extrema mediocridade.
........Quando escrevo, fecho bem os olhos, para ver melhor minh'alma. Mas ainda assim, não sei por que escrevo. Talvez seja só saudade, amargura ou desespero por saber que o padrão não vai mais se repetir... Tudo está mudado agora, e a vida me roubou o tempo, e a noite me roubou o sono... As lágrimas nos olhos me roubaram o sorriso. Talvez todos os padrões estejam quebrados e incomoda-me hoje saber o passado não passado, porque as feridas não cicatrizaram e só verifico um aumento, um acúmulo de tristeza.
Me incomoda.

........Eu já entoei a amargura de domingos sóbrios e me embriaguei com o torpor da solidão. E cada letra que cuspi despiu-me as emoções, transbordando os sentimentos todos que acumulei por falta de opção. E se escrevi num certo tom magoado foi porque quebrei aos tantos cacos meu coração. Porque assim, chorando por escrito, exorcizo toda sorte de aflição, mantendo-me guardada, que é pra lembrar quais são as pedras que machucam e quais flores têm espinhos.
........Mas escrever é apenas como ser um manco sem muletas, como a alma de um artista condenada desde sua criação a um purgatório, sem perspectivas de alteração do regime no cumprimento de sua pena. Porque das poucas certezas que a vida nos dá, uma delas é que na hora do fuzuê, você só pode contar com poucos ou na pior das hipóteses, só com você mesmo. O resto te oferece só ouvido de mercantilista e desculpas esfarrapadas.

........Por hora, estar sozinha neste momento me destoa e descontrola e faz com que me sinta culpada por não saber conservar as pessoas do meu lado. Sinto-me impotente e pequena por perceber que tantas palavras não serviram de nada, porque ninguém soube entender que por trás de cada uma delas estava apenas meu pedido de que não me deixassem sozinha.
........Esses sentimentos trouxeram novamente meus pesadelos, tirando o meu sono a cada noite... Pensamentos antigos também voltaram a me perturbar, e sigo sem saber até que ponto conseguirei não ceder a eles. Mas até lá, vou me apagando aos poucos, retirando me do palco e levando comigo meus poucos vestígios... Como se eu nunca tivesse existido.
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Você vai me desculpar, mas em breve precisarei dizer adeus porque já... Já é quase Dezembro.
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[...]"nunca ninguém nos ensinou
e nunca aprenderemos
como reagir diante da "SAUDADE"
que algumas pessoas deixam em nós... "
Saudades Julinha!
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

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..........Para esta, para qualquer outra carta, não faz muita diferença, nem é nada relevante, sequer, saber a causa que se fez a ferida, o buraco, o tamanho do tombo, qual foi o estrago e se conseguiu ser cicatriz. E pouco menos importa se suportamos andar com toda a carga que colocaram em nossas costas, toda mala e bagagem que sequer nos pertencem e que nos fazem abdicar do que realmente é nosso, deixando para depois nossas próprias feridas para curar as alheias.
.........Para aqui, nada importa, pois só é para constar que em algum momento da vida fui obrigada a me olhar e constar que não era nada daquilo que pensava, e muito menos do que os outros julgam pensar. Mas incomoda-me o facto de saber estar longe de ser aquilo que verdadeiramente esperava de mim fazendo aumentar ainda mais aquele maldito buraco. É excruciante, a tristeza não passa e parece não diminuir em nada com o tempo; na verdade acho que apenas torna tudo límpido em mais um impasse, onde os rins não conseguem filtrar mais tanto ressentimento, tanta mágoa e veneno transformando tudo em mais uma insônia, em mais uma moinha.
.........Talvez o medo de estar eternamente errada e de não estar no caminho certo ou por não fazer o que os outros esperam, mesmo montando o pro biótipo que tanto desejam. Mas a covardia de não fazer o que preciso tem me deixado angustiada e pela primeira vez estou com medo. Sinto a aceleração passar por todo o meu corpo, o fluxo de sangue quente causa-me uma náusea terrível, o maldito buraco começa a latejar, exalando o pus do restante. E assim eu tento respirar sem pulmões, esperando que o torpor me livre de toda essa situação para conseguir me levantar em uma parte só, ao invés de duas. Esperando tudo isso passar...
.........Mas não passa, e a solução é a lâmina fria que rasga a pele liberando o líquido viscoso. A diferença nesse tipo de dor é saber exatamente o lugar de onde ela emana, tudo sai, tornando limpo o lugar, e essa sensação me faz esquecer mesmo que por poucos segundos. Ao contrário da ferida interna que gangrena sem e saber exatamente onde está... Não limpa, não é possível drenar o pus, o sangue, a dor latejante que não cessa, não sai nunca. Já a dor externa, acaba logo, só deixando cicatrizes disfarçáveis aos olhos que não importam em saber a origem.
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..........Sempre soube qual foi a primeira marca, mas isso não modifica. Apenas torna tudo francamente aterrador, se transformando apenas incômodo, uma espécie de zumbido, um comichão, e quando qualquer coisa se aproxima demais da ferida, e me chega mesmo a tocar, e depois recua, claro, não falo e parece que pouco interessa a alguém, porque nunca ninguém olhou para trás quando disse não ser nada, nunca ninguém insistiu em saber por tudo isso eu só guardo.Mas só que mesmo depois do pequeno cutucão, o vazio antigo queima só um bocadinho, só mais uma pequena picada para me lembrar que há-de ser sempre assim - eu hei-de andar pelo mesmo caminho dos outros mas num passo e de um jeito diferente.
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Tudo isso tem me puxado novamente para baixo, de modo inconstante... mas com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, inundando minha cabeça.
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Não voltei à superfície.

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ઇઉ
....."Um dia nossos entes queridos se vão. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos.
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.....Em nosso peito apenas a dor de um punhal que a cada "meus pêsames" parece pesar.
Nossos pensamentos divulgam para cada gota de sangue em nosso corpo a culpa de nunca ter dito: "te amo"; "preciso de você", "estou sempre aqui", "me preocupo", e como se não bastasse vem à frase mais forte "a culpa foi minha".
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.....Nossos sonhos caem por terra, nossa independência parece perder a importância.
.....E a resposta para essa dor? O tempo e uma certeza:
.....Quando amamos transmitimos em pequenos atos e gestos, e as palavras não importam mais; quando precisamos de alguém, sentimos sua presença, e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados, surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.
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.....E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém.
.....Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele pensamos nos bons momentos. E com um pouco mais de tempo, transformamos nossos entes queridos em eternos companheiros.
.....Nossos sonhos ganham aliados, nossa independência ganha acompanhantes, nossa vida conquista anjos.
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.....E no fim apenas a saudade e uma certeza: Não importa onde estejam, estarão sempre conosco."
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(Créditos à minha amada Mãe.)
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ઇઉ
Talvez eu não volte,
a tristeza tomou conta daqui.
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sábado, 29 de agosto de 2009


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Quanto mais procuro o que penso querer...
Mais encontro o que realmente quero.


Queria ser mais espontânea, usar mais vestido do que calça, ter o cabelo mais liso do que pensam que ele é.
Queria ter força de vontade pra pegar firme em um cursinho, queria morder menos os cantinhos das unhas, queria ter mais blusas do que eu já tenho.
Queria ler mais livros por semana. Eu queria mexer menos no meu cabelo, queria sorrir mais, queria ir ao clube todo final de semana, queria ter uma coleção de bolsas.

Queria ter menos dor de dente. Queria não ter dor de dente.queria dar mais abraços nos meus amigos e mais beijos de namorado, queria um namorado.
Queria sentar em mais bares, queria tomar mais vinho, queria uma taça enorme só pra mim, de vidro mesmo.
Queria ter minha casa, minha cama gigante. Queria cozinhar pros meus amigos pelo menos uma vez por mês. Queria colocar em prática as idéias malucas que passam pela minha cabeça.
Eu queria deixar a televisão mais desligada do que ela fica, queria mudar menos de canal em busca não sei do que. Queria escutar mais música que o dia inteiro.
Queria saber mais sobre as coisas que me fazem feliz, queria pensar menos e falar mais. Queria pensar mais e falar menos. Queria pensar mais o que realmente quero.

Queria uma vista na varanda no meu quarto, uma máquina de fazer sucos, queria ter muitos gatos.
Queria ir mais ao salão pra hidratar o cabelo e cuidar mais de mim. Queria comer mais carne. E mais arroz. E as besteiras que nunca como.

Queria encontrar mais amigos antigos, queria sentir menos saudades de algumas pessoas. Queria fazer um curso bem moderno de fotografia, queria uma super máquina pra praticar o dia todo. Queria tirar mais fotos do que já tiro.
Queria viajar mais, muito mais.

Queria andar descalça na praça, queria andar sem rumo num sábado ensolarado. Queria comer menos fruta do que como, queria beber mais água do que bebo.
Eu queria que minha sobrancelha esquerda fosse igual a direita. Eu queria usar mais hidratante no corpo. Eu queria declarações de amor em muros, queria um buquê de rosas vermelhas, sem precisar de motivos.
Eu queria um óculos de sol que vi na vitrine.
Eu queria ganhar livros de presente. Aliás, eu queria terminar e publicar meu livro, mesmo que ficasse guardado só pra mim.

Eu queria fazer um picnic com toalha xadrez vermelha e cestinhas de madeira. Eu queria casar, ontem. E ter quatro filhos; um que seja gerado por mim. Eu queria plantar uma horta, eu queria um balanço de madeira na árvore.

Eu queria conhecer o Japão, a Europa e Portugal. Não necessariamente nessa ordem.
Eu queria diminuir mais o número do meu sutiã, queria comprar roupas diferentes das que eu uso, queria ter sapatos mais coloridos e diferentes. Queria ter uma coturno e mais meias listradas. Queria gostar de usar lingeries com rendas, queria gostar de dormir de pijama de seda.

Queria estudar mais sobre assuntos que me interessam. Queria amar mais. Queria ter mais coragem. Queria relaxar mais. Queria ser tola muito mais vezes. Queria voar num balão. Queria correr descalça na chuva.

Queria viver mais.

domingo, 12 de julho de 2009

Eu voava alto porque tinha um grande par de asas...

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Até que um dia eu caí.

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Cortaram minhas asas e desde então tenho vivido nesse enredo de samba, sem saber o que fazer da minha existência. Cá no mundo, participo todo dia, sempre do mesmo jeito. Levantar, elaborar e viver. Viver?
Sinceramente não sei mais se vivo ou se só existo. E se existo também é porque insisto nesta história toda de que um dia as coisas vão dar certo.

Difícil acreditar que vão... Quando se levanta tomando um coquetel de comprimidos que nem se sabe mais o pra quê, tentando ao máximo alcançar o que esperam de mim. Mas nós nem sempre voamos, nem sempre brotamos, nem sempre plantamos.
Cresci assim, sem saber o que sou diante do que já não é. O que podemos ser quando algo deixa de ser? Eu deixei de ser, desaprendi a voar, a sonhar... desde que me tornei algo que nunca desejei ser.

Eu olho pela janela a chuva cair.
E acredito que não custa nada deixar que ela molhe um pouco que seja a nossa vida. É, preciso de uma vida mais regada Anjo, para conseguir lidar melhor com meus distúrbios compulsivos. Mas hoje eu amanheci com zumbidos gritantes dentro da minha cabeça, amanheci sem ter dormido. Amanheci já procurando sei lá o que, e continuo procurando nada, e encontrando nada. Talvez esteja faltando açúcar, sabe, quando as coisas ficam meio assim? Quando parece que tudo vai embora? Será que elas escorrem?

As coisas foram embora pelos ralos, junto com os últimos vestígios da chuva.
Quiçá um dia eu possa ser mais sensata.


O que me resta é esperar a chuva cair novamente, e abrir um pouco mais a janela desta vez...



..................................................ઇઉ
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Das qualidades inexistentes, ...
não saber escrever coisas bonitas ...
é a que mais me faz falta. ...
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quinta-feira, 4 de junho de 2009

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Ela anda distraída da sua própria vida faz um tempo.
Agora está meio triste.

Algo assim, inenarrável...

... e mesmo que tenha se acostumado, com toda essa estória de barulho por dentro e silêncio por fora... tem formado um belo embaraço e uma confusão desalinhada, que de pedaço em pedaço, as vezes até na ordem errada, vai formando uma pessoa,
ou meia... sei lá.
Só sei que se sente bastante pouca mesmo, apenas contentada com que lhe cabe, aceitando o que lhe dão. O pior é que ainda se sente como uma página em branco apenas admirando a criança com a caixinha de lápis de cor na mão... e só se lembra de se esquecer, agradecendo a amnésia matutina por levar um pouquinho da dor de não ser.

E mesmo que sinta que sabe que é um tanto bem maior...
...o silêncio sempre fala mais alto do que tudo que tem a dizer.


..................................................ઇઉ
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Canção para uma Valsa Lenta
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Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
de surpresa... de encanto... de medo...
Minha vida não foi um romance...
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.
Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Gloria a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!
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Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobrevida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...
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(Mario Quintana)
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domingo, 24 de maio de 2009

..................................................ઇઉ
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Perdoa se hoje não pincelei minhas palavras, se as letras ficaram sem a viva cor. É, a tinta secou, menino. Pintar com ela agora transforma tudo em um borrão ininteligível, letras opacas que mal formam sentidos.
Sinto-me estranha por não me satisfazer nas coisas que agora escrevo. Penso por hora, que escrever é cortar palavras, progredir em silêncios. Não quero mais silêncios, quero ouvir vozes... mesmo que baixas ou tímidas me dizendo sobre coisas, ainda que bobas. Eu que nunca escutei nenhuma voz discursar sobre sentimentos, os verdadeiros. Não as mentiras, essas sim machucam e nunca me faltam... quero ao menos a certeza de uma coisa em mim.

É que carrego essa sensação exagerada de que não pertenço a lugar nenhum. Sinto mais ou menos assim quase todo dia... Nada é normal do jeito que achava que seria. Tudo parece e merece estar bem e não está. Sempre a lacuna imprestável no amor, sempre o meu buraco idiota que me impede de falar (tenho tanto ainda pra contar), sempre o medo de versar sobre a verdade me fazem esquecer e silenciar. Isso faz a gente acreditar que tudo é nada.
Ou quase nada.

O tudo que se confunde com o nada, posto que já nada há em tudo. O silêncio continua, e fico pior porque nem o tec-tec do escrever me acompanha. Então se não escrevo é como se mais alguma coisa faltasse... e entre as xícaras de café, uma frase não dita, um olhar diferente, alguma coisa sempre falta... e se não é escrito, falta mais e mais.

Minha memória também não é mais a mesma, a doença, o álcool, as medicações, as memórias seletivas, tudo isso e mais que me impedem de guardar certas coisas também tem deixado minhas palavras vazias, cruas e nuas. O perfume delas avinagrou e o doce, evaporou. Restaram-me peças soltas que não se juntam e vontade de refazer o que, talvez, não tenha concerto.
O vermelho perdeu-se. As palavras morreram.

Poderia dizer muita coisa agora... ou talvez não... porque no silêncio cabem todas as palavras. Mas não deixe que ele me leve dessa vez.



Enquanto isso... nuvens flutuam sobre a minha cabeça.



'na solidão,
acredite,
há tanto que dói.'
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sexta-feira, 8 de maio de 2009

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Lembro-me agora o facto que me faz sentar aqui e escrever...
Andei ausente, eu sei. E bem sabes que isso nunca é algo bom, desculpe, mas você é alguém que não posso enganar... Mesmo eu que engano até a mim mesma.
Mas realmente... Eu "não sei o que sinto porque sinto o que não sei."
E a vontade de gritar é tão grande, a dor no peito tão profunda que, fecho os olhos e volto. A um tempo em que era feliz e não sabia.Não tem mais jeito de disfarçar o abismo no qual eu estou enclausurada agora. Como posso explicar o fato de estar me fazendo em pedacinhos, o jeito como me curvo numa bola pra evitar que o buraco vazio me parta em duas? Era mais fácil quando eu não tinha uma platéia.
Talvez minha frustração tenha surgido do fato de estar esperando o “Gran Finale” que nunca chegou. É, aqueles que a gente sempre vê em livros e filmes onde após enfrentar uma situação difícil a glória chega para o personagem principal.Enfrentei tudo achando ter terminado, só esperava aparecer no fim o meu “Feliz Para Sempre”. Mas a verdade é que a Felicidade já passou por mim, e na minha cegueira não observei. E todo esse tempo, que venho achando estar fazendo a coisa certa... percebo agora só ser mais um caminho errado que travei.
Nesses últimos tempos venho me perguntando se sou um monstro. Não do tipo que aparece em ficção, mas um de verdade. O tipo que machuca as pessoas. O tipo que não tem limite quando se trata do que eles querem. O tipo que ninguém quer por perto. Porque talvez seja esse o motivo das pessoas não gostarem de mim, de não fazer falta alguma... Me cansei de pessoas também.

E o final feliz nunca vai chegar, porque eu não estou curada. Eu nunca me curei e tenho quase a certeza que isso nunca vai acontecer, mais de cinco anos desse ciclo já me é suficiente.
Cansada… Sinto-me cansada.
Porque eu nunca vou encontrar o resquício de Felicidade que julgava esperar por mim. A doença está vencendo a partida e eu sinceramente levanto a bandeira branca do jogo... Cansei-me da luta e abandono a batalha.
Talvez seja isso que aconteça com pessoas de verdade, a derrota como Prêmio no final.

Não sei até que ponto estas palavras farão sentido amanhã. Não sei que sentido fará para quem as ler, mas sei que para mim, neste momento, fazem todo o sentido.

Não existe glória em morrer... A gente só desiste.

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..................................................ઇઉ



"Fui a floresta porque queria viver deliberadamente.
Eu queria viver profundamentee tirar toda essência da vida...
fazer apodrecer tudo que não era vida e não,
quando eu morrer, descobrir que não vivi."
(Sociedade dos Poetas Mortos)
imagem: Patricia Metola

domingo, 15 de março de 2009

Uma confluência de caminhos...

“O desejo é um tipo de sentimento. Isso significa que ele faz parte do sujeito, agente ou pessoa, sem fazer parte do mundo, a não ser na medida em que a pessoa faz parte do mundo. É uma atitude mental do sujeito em relação ao mundo; é subjetivo, não objetivo."

Eu teria pensado que não havia nada pra me incomodar. Mas eu me senti incomodada, e a princípio não sabia o porquê. Talvez por que há muito tempo eu me privasse de certos sentimentos que num passado meu me fez muito mal... Pois bem que aprendi muito cedo o que era desejo, não meu, de outros. Nada puro nem racional, não tinha amor.
E então eu comecei a tratar esse sentimento, ‘Amor’, como algo sempre sujo e danificado... Um sentimento puxando o outro, e na desordem eu acabei sem saber o que sentia... e acabei me convencendo que não trilhar novos caminhos, novos amores era a coisa mais fácil,
‘Talvez desistir seja mais fácil’.
Então nessa muvuca, boicotei qualquer chance de criar um novo rumo, afastei qualquer possibilidade de trazer amor de volta, montei minha armadura para esse sentimento e acabei criando o buraco que me vejo presa agora. Eu acabei ficando sem recursos de sentimentos, e tomei como certo que extirpar de mim meu coração seria a solução do problema, mas eu acabei com um queijo suíço no lugar dele.
É que desistir nunca é o melhor caminho, pelo contrário. Bater com a porta requer coragem, concentração e muita força de vontade, cortar os laços é sofrer em dobro. É preciso saber desistir, até mesmo do amor, porque o amor é um bem escasso que facilmente se confunde com entusiasmo, atração, tesão, paixão, entendimento e principalmente desejo. Quando alguém desiste do amor, está também desistindo de um sonho que há muito tempo já acalentou. E é muito difícil desistir. Abdicar do amor dói, e essa dor dura, demora a partir. É como viver com uma pedra encostada à garganta. E ninguém quer desistir...

Eu me tornei uma pessoa ranzinza, e passei a tratar mal todos que me rodeavam, como uma velha rabugenta na intenção de afastar e desistir de qualquer sentimento que me causasse sentimentos reversos. Mas...
Seu afeto me afetou, em alguma parte do processo. E eu não sabia mais que nome dava aos meus próprios sentimentos. Não sabia mais se era Amor, Amizade ou simplesmente o maldito Desejo. E aí eu me dei conta de qual deles me assemelhava mais.
Eu fiquei de pé.
E descobri que, talvez esse meu tratar-mal todo mundo seja somente a vontade de provar pra esse mesmo todo-mundo que eu não preciso e não gosto de ninguém. Que isso, nada mais é do que uma tentativa desesperada de me provar que eu não preciso - e nem gosto - unicamente de você.

...a única razão para chegar até o fundo a cada respiro meu.


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'Duas estradas se bifurcaram no meio da minha vida,
Ouvi um sábio dizer.
Pequei a estrada menos ousada.
E isso fez toda a diferença cada noite e cada dia.'
(Larry Norman)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Falta. (do que nunca tive)


O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível... mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa, desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.
E então, eu me dou conta de não me dar conta das coisas. Às vezes faço coisas sem me lembrar claramente de como ou quando, só sei que está pronto, automático.
Mas isso não importa, porque nisso tudo perder a noção do tempo é o máximo que posso pedir da vida.
Às vezes eu me pego escrevendo e não sei como. Acontece também de não me lembrar depois do que foi escrito. Como se as palavras não partissem de mim, ou ainda como se estivessem em algum lugar que não me fosse possível alcançá-las... Elas têm vontade própria!
Saem do lugar onde se escondem, aparecem e vão embora, me dão apenas algumas lembranças, poucas, do que disseram. E eu fico arquitetando modos de me lembrar, mas elas me vão de todo. São palavras para outro, pra ficar em outra memória, não na minha. Talvez seja a minha voz mais branda e forte, que fala em uma língua que só uma alma decifra...
Eu, pedaço de corpo achando ser mais, não me lembro do que, exatamente, lhe foi escrito. Sei que não menti, e nem minto, no que disse ou que digo, porque a voz que fala é a da verdade em mim... do que sinto. Mas sou incapaz de me lembrar detalhes, talvez porque nenhuma palavra dita aqui revele algum segredo. É difícil falar, ficou muito pra dizer, ficou tudo por dizer. O que eu vou fazer com todas essas palavras escondidas em mim?
A grossa neblina que toma conta dos meus dias agora me deixa confusa ás vezes, e mesmo que depois eu não me lembre do que foi dito... me conforta apenas escrever pra você. Ainda que depois, não sejam nem lembranças minhas.

Respirar voltou a ficar mais difícil - não por causa da exaustão, mas sim porque estou tendo problemas com o estúpido buraco no meu peito de novo, esse buraco que fica cada vez pior. Eu achava que estava começando a controlá-lo, mas eu me pego me curvando, dia após dia, agarrando os meus dois lados, e sufocando por ar.
Toda vez que eu abro os olhos para a luz da manhã e me dou conta de que sobrevivi á outra noite eu me surpreendo. Depois arranjo meu rosto cuidadosamente com um sorriso e tento segurar ele lá, vestindo a máscara que esperam ver.
Eu deixei de ser o que eu era e me transformei no que sou.
Tento ser o melhor que posso, assumindo meu lado passivo, mas de repente já estou agindo impulsivamente e o que não era para acontecer acaba acontecendo.
Eu não estou lidando bem com isso sozinha.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Escrevendo novamente ainda na esperança de obter respostas... inútil.

É, eu me magoo muito fácil mesmo, e não perco a mania de ficar me remoendo. Isso é uma coisa com a qual eu tento ser bem restrita. É claro que às vezes escorrego; eu sou só humana. Mas eu até estava melhorando, e então a dor se tornara algo do qual eu podia me afastar por dias.
O custo era uma entorpecência que não acabava nunca. Mas, entre a dor e o nada, eu escolhi o nada.
Só que eu fui ficando meio capenga, como uma morta jogada num mundo cheio de vida, e algo dentro de mim queria expirar e sentir essa vida toda. Mas aí eu sujava o nada e a dor voltava com força total. E o buraco criado em mim voltava a queimar...
Essa era a coisa mais assustadora. A sensação de que um buraco havia se formado no meu peito, fazendo meus órgãos vitais pararem de funcionar e deixando-os em trapos, com partes não curadas que continuam doendo e sangrando mesmo com o passar do tempo. Inconscientemente, eu sei que meus pulmões devem estar intactos, mas mesmo assim eu luto por ar todo o tempo, e minha cabeça roda como se os meus esforços não me levassem a nada. Meu coração deve estar batendo também, mas eu não consigo ouvir o barulho da pulsação nos meus ouvidos; minhas mãos ficam azuis de frio e então eu me curvo, abraçando minhas costelas pra me manter junta, tentando impedir que a dor latejante me parta em duas; metades sem utilidade nenhuma.
E quando volto a sentir a dor do buraco, também volto a procurar pela minha torpência, minha negação, e me recuso ainda mais a aceitar que elas também me abandonaram. E mesmo assim, eu continuo achando que posso sobreviver. Mas racionalmente eu estou aberta, eu sinto a dor - a dor que irradia do meu peito, mandando ondas de dor pelos meus órgãos e minha cabeça - e é quase insuportável.
Eu sinto que posso sobreviver. A dor não diminuíra com o tempo, ao contrário, fica maior a cada dia... mas eu fiquei forte o suficiente pra suportá-la. A evidência física é a parte mais insignificante de equação. Eu estou mudada agora, por dentro eu estou mudada ao ponto de ser difícil me reconhecer.