domingo, 24 de maio de 2009

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Perdoa se hoje não pincelei minhas palavras, se as letras ficaram sem a viva cor. É, a tinta secou, menino. Pintar com ela agora transforma tudo em um borrão ininteligível, letras opacas que mal formam sentidos.
Sinto-me estranha por não me satisfazer nas coisas que agora escrevo. Penso por hora, que escrever é cortar palavras, progredir em silêncios. Não quero mais silêncios, quero ouvir vozes... mesmo que baixas ou tímidas me dizendo sobre coisas, ainda que bobas. Eu que nunca escutei nenhuma voz discursar sobre sentimentos, os verdadeiros. Não as mentiras, essas sim machucam e nunca me faltam... quero ao menos a certeza de uma coisa em mim.

É que carrego essa sensação exagerada de que não pertenço a lugar nenhum. Sinto mais ou menos assim quase todo dia... Nada é normal do jeito que achava que seria. Tudo parece e merece estar bem e não está. Sempre a lacuna imprestável no amor, sempre o meu buraco idiota que me impede de falar (tenho tanto ainda pra contar), sempre o medo de versar sobre a verdade me fazem esquecer e silenciar. Isso faz a gente acreditar que tudo é nada.
Ou quase nada.

O tudo que se confunde com o nada, posto que já nada há em tudo. O silêncio continua, e fico pior porque nem o tec-tec do escrever me acompanha. Então se não escrevo é como se mais alguma coisa faltasse... e entre as xícaras de café, uma frase não dita, um olhar diferente, alguma coisa sempre falta... e se não é escrito, falta mais e mais.

Minha memória também não é mais a mesma, a doença, o álcool, as medicações, as memórias seletivas, tudo isso e mais que me impedem de guardar certas coisas também tem deixado minhas palavras vazias, cruas e nuas. O perfume delas avinagrou e o doce, evaporou. Restaram-me peças soltas que não se juntam e vontade de refazer o que, talvez, não tenha concerto.
O vermelho perdeu-se. As palavras morreram.

Poderia dizer muita coisa agora... ou talvez não... porque no silêncio cabem todas as palavras. Mas não deixe que ele me leve dessa vez.



Enquanto isso... nuvens flutuam sobre a minha cabeça.



'na solidão,
acredite,
há tanto que dói.'
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Um comentário:

C.R. disse...

O silêncio é a mais barulhenta das palavras de nosso vocabulário, porque com o silêncio alguém diz tudo sem ao menos mencionar nada. E, se alguém está em silêncio é pq tem muito a dizer.. mas pra quê?!
Silêncio, bonita esta palavra, mais bonita ainda quando se a entende por voz...

bjons pra ti minha linda.. adoro vc! =)