sábado, 17 de janeiro de 2009

Escrevendo novamente ainda na esperança de obter respostas... inútil.

É, eu me magoo muito fácil mesmo, e não perco a mania de ficar me remoendo. Isso é uma coisa com a qual eu tento ser bem restrita. É claro que às vezes escorrego; eu sou só humana. Mas eu até estava melhorando, e então a dor se tornara algo do qual eu podia me afastar por dias.
O custo era uma entorpecência que não acabava nunca. Mas, entre a dor e o nada, eu escolhi o nada.
Só que eu fui ficando meio capenga, como uma morta jogada num mundo cheio de vida, e algo dentro de mim queria expirar e sentir essa vida toda. Mas aí eu sujava o nada e a dor voltava com força total. E o buraco criado em mim voltava a queimar...
Essa era a coisa mais assustadora. A sensação de que um buraco havia se formado no meu peito, fazendo meus órgãos vitais pararem de funcionar e deixando-os em trapos, com partes não curadas que continuam doendo e sangrando mesmo com o passar do tempo. Inconscientemente, eu sei que meus pulmões devem estar intactos, mas mesmo assim eu luto por ar todo o tempo, e minha cabeça roda como se os meus esforços não me levassem a nada. Meu coração deve estar batendo também, mas eu não consigo ouvir o barulho da pulsação nos meus ouvidos; minhas mãos ficam azuis de frio e então eu me curvo, abraçando minhas costelas pra me manter junta, tentando impedir que a dor latejante me parta em duas; metades sem utilidade nenhuma.
E quando volto a sentir a dor do buraco, também volto a procurar pela minha torpência, minha negação, e me recuso ainda mais a aceitar que elas também me abandonaram. E mesmo assim, eu continuo achando que posso sobreviver. Mas racionalmente eu estou aberta, eu sinto a dor - a dor que irradia do meu peito, mandando ondas de dor pelos meus órgãos e minha cabeça - e é quase insuportável.
Eu sinto que posso sobreviver. A dor não diminuíra com o tempo, ao contrário, fica maior a cada dia... mas eu fiquei forte o suficiente pra suportá-la. A evidência física é a parte mais insignificante de equação. Eu estou mudada agora, por dentro eu estou mudada ao ponto de ser difícil me reconhecer.