domingo, 15 de fevereiro de 2009
Falta. (do que nunca tive)
O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível... mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa, desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.
E então, eu me dou conta de não me dar conta das coisas. Às vezes faço coisas sem me lembrar claramente de como ou quando, só sei que está pronto, automático.
Mas isso não importa, porque nisso tudo perder a noção do tempo é o máximo que posso pedir da vida.
Às vezes eu me pego escrevendo e não sei como. Acontece também de não me lembrar depois do que foi escrito. Como se as palavras não partissem de mim, ou ainda como se estivessem em algum lugar que não me fosse possível alcançá-las... Elas têm vontade própria!
Saem do lugar onde se escondem, aparecem e vão embora, me dão apenas algumas lembranças, poucas, do que disseram. E eu fico arquitetando modos de me lembrar, mas elas me vão de todo. São palavras para outro, pra ficar em outra memória, não na minha. Talvez seja a minha voz mais branda e forte, que fala em uma língua que só uma alma decifra...
Eu, pedaço de corpo achando ser mais, não me lembro do que, exatamente, lhe foi escrito. Sei que não menti, e nem minto, no que disse ou que digo, porque a voz que fala é a da verdade em mim... do que sinto. Mas sou incapaz de me lembrar detalhes, talvez porque nenhuma palavra dita aqui revele algum segredo. É difícil falar, ficou muito pra dizer, ficou tudo por dizer. O que eu vou fazer com todas essas palavras escondidas em mim?
A grossa neblina que toma conta dos meus dias agora me deixa confusa ás vezes, e mesmo que depois eu não me lembre do que foi dito... me conforta apenas escrever pra você. Ainda que depois, não sejam nem lembranças minhas.
Respirar voltou a ficar mais difícil - não por causa da exaustão, mas sim porque estou tendo problemas com o estúpido buraco no meu peito de novo, esse buraco que fica cada vez pior. Eu achava que estava começando a controlá-lo, mas eu me pego me curvando, dia após dia, agarrando os meus dois lados, e sufocando por ar.
Toda vez que eu abro os olhos para a luz da manhã e me dou conta de que sobrevivi á outra noite eu me surpreendo. Depois arranjo meu rosto cuidadosamente com um sorriso e tento segurar ele lá, vestindo a máscara que esperam ver.
Eu deixei de ser o que eu era e me transformei no que sou.
Tento ser o melhor que posso, assumindo meu lado passivo, mas de repente já estou agindo impulsivamente e o que não era para acontecer acaba acontecendo.
Eu não estou lidando bem com isso sozinha.
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Um comentário:
nossa!
que post forte, menina!
te juro que depois de lê-lo fiquei um bom tempo pensando em tudo que escreveste e, confesso, uma boa parte de tudo isso tb se aplica a mim. É difícil lidar com os atropelos causados muitas vezes por nós mesmos...
Gostei muito de teus escritos, sou grata a ti por ter me achado pra que também eu pudesse borboletear (e me encontrar) no teu Limite de la folie!
Obrigada pelas palavras carinhosas em meu blog!
Bons dias a todas nós!
Beijo
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